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desculpas antecipadas;

Eu sou uma bagunça. Uma bagunça estrutural, fundamental, como uma casa construída sobre alicerces trêmulos, com cômodos que mudam de lugar durante a noite.

A sala de estar, onde recebo as visitas, parece arrumada à primeira vista. Mas não olhe de perto, por favor. Você vai ver a poeira acumulada nos cantos das minhas certezas e as rachaduras finas nas paredes do meu sorriso. No meu quarto, gavetas de sentimentos mal resolvidos se recusam a fechar, e as roupas de quem eu fui um dia estão empilhadas no chão, tropeçando nas roupas de quem eu tento ser amanhã. Há cartas nunca enviadas, promessas pela metade e o fantasma de uma organização que nunca existiu.

Por isso, peço desculpas antecipadas. Se você entrar na minha vida, não espere encontrar um lar pronto e aconchegante. Você vai tropeçar em minhas inseguranças, se cortar em fragmentos do meu passado e talvez se perder nos corredores contraditórios do meu coração, onde o amor e o medo moram na mesma porta.

Mas aqui está o segredo que nem eu entendo direito: no meio do caos, há tesouros. Há uma janela com uma vista espetacular que só se abre em dias de tempestade. Há uma música antiga tocando num canto empoeirado, com uma melodia que pode curar qualquer ferida. Há uma lealdade feroz escondida debaixo da pilha de medos.

Eu sou uma bagunça. É a minha advertência mais honesta e o meu convite mais perigoso. Entrar aqui não é para os que procuram paz, mas para os que sabem que, às vezes, as coisas mais bonitas nascem precisamente no epicentro do caos. E a porta, para o bem ou para o mal, está sempre entreaberta.