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i wish i was there for you
I — 3:00 AM
Caminhar no breu se tornou hobby para Phil que, diariamente, mal podia esperar o horário que a cidade toda dormiria, para que pudesse acordar. O silêncio e a solidão noturna acalmavam seu coração, seus pensamentos perdidos em uma agenda tão cheia e disputada pela mídia diurna.
As vielas pareciam todas iguais, salvo por luzes acesas em bares aleatórios. Como referência, acabou parando próximo à praça central, retirou o celular do bolso e, quando iria pedir um carro de aplicativo para voltar ao hotel, foi surpreendido por um garoto com não mais de 12 anos. O pestinha afanou o telefone com maestria e saiu correndo, como quem está em maratona.
Para Phil, aquela peça não valia de nada, na manhã seguinte poderia comprar o azul, o vermelho, o balcão, o espelho, o estoque, a modelo; mas, por um breve segundo perguntou-se o que perderia caso perseguisse o meliante. A resposta era "nada" - simples e breve -, então sem titubear, saiu em disparada. Não gritou, nem mesmo pediu ajuda; apenas correu, lembrando dos dias de brincadeira com os irmãos, quando ainda eram todos adolescentes sem grandes memórias.
O garoto sabia para onde ir e, de forma sincronizada, levou Phil para o meio de becos desconhecidos, corredores apertados entre hotéis baratos, traseiras de restaurantes e lixeiras comunitárias. A beleza da cidade, morria ali.
— Deixa aí, o velhote vai desistir agora. - A voz feminina ecoou entre as sacadas apertadas, assim que o olhar do menino cruzou a luz que saia do quarto de onde a silhueta já se apresentava. Não disse nada, apenas colocou o celular no chão e seguiu correndo por outro pequeno corredor, sumindo no meio da escuridão.

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Posted 8/15/2025, 3:00 AM